Residência Ju • Brasília DF


“(…) Gostaria muito que a casa fosse dentro de um jardim, mas como não dá, eu quero um jardim bem grande.”


A frase, proferida pela motivadora do projeto, foi precursora das confabulações projetuais. As essências encontradas no terreno - que em sua contextualização natural ostentava as vontades da natureza - submetem aos arquitetos a incumbência de ver ali o jardim almejado.


O caimento de 3 metros na direção posterior, era quase totalmente camuflado pela mata arbustiva, que mantinha em vista apenas uma massa contínua de vegetação ao fundo. Ao percorrer o espaço, pudera-se captar nuances invisíveis, das inúmeras qualidades a serem preservadas ali. Já estava tudo ali, e se expunha de forma nítida ao deambulador atento:


Havia uma musicalidade constante, propiciada pelo cantar inconclusivo dos pássaros do terreno vizinho, onde existe um criadouro. As aves, que incansavelmente voejavam a 




projeção vertical do terreno, relembravam aquele que os observava de uma suave brisa, que amenizava a temperatura. 

Ainda que distante, a presença de uma nascente nas proximidades, teimava em resistir a seca do cerrado, e mantinha a tonalidade verdejante da grama e das plantas de forma ininterrupta. Conforme confirmado pela vizinhança.


No momento da visita, acontecia uma interação entre vizinhos no terreno, que sentavam-se em cadeiras de praia, enquanto aproveitavam a tarde de um domingo ensolarado. 


Quando indagados, disseram que a ação se repetia todo fim de semana, pois eram todos da mesma família da cliente que, por sua vez, incentivava que as crianças brincassem ali. E naquele dia, foi dito ao arquiteto, que estavam aproveitando o tempo restante, antes que aquela prática semanal, se perdesse nos ecos de uma construção.


Ao experienciar o espaço, o arquiteto sorveu do azo necessário para entender que já estava tudo ali. E então, o projeto foi compelido a preservar a continência de atividades daquele lugar, ao adaptar-se às exigências determinadas pelo programa de necessidades.